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Armazenamento doméstico em tempos de crise

*Por Thiago Martins Diogo

No relato bíblico sobre as pragas que assolaram o Egito, observamos padrões de comportamento muito semelhantes aos adotados nestes últimos dias. A história revela que o Faraó, mesmo tendo sido alertado por diversas vezes, foi incrédulo e não agiu de acordo com as “instruções” que permitiriam, além da libertação do povo de Israel, a preservação de seu povo e de sua própria vida. 

Embora a ciência reclame provas sobre os fatos narrados nas escrituras ou tente provar por si mesma que os acontecimentos foram fenômenos naturais em função da não preservação ambiental, o objetivo deste artigo é revelar – com base na história – as consequências, muito próximas ao que estamos vivendo hoje, em função do padrão de incredulidade e “rápido” esquecimento adotado, à época pelo Faraó e hoje pelo povo, face às advertências reveladas por quem possui autoridade.

Rio em sangue, rãs, piolhos, moscas, morte do gado, sarnas, úlceras, fogo, gafanhotos, trevas espessas e a morte de todos os primogênitos, pode parecer algo surreal, mas temos visto que pode ser até pior. A intenção não é criar pânico, mas sim mostrar que é possível tomar decisões e atitudes simples que previnem e preparam, neste caso, para o pós-COVID-19. 

Dizem que depois da tempestade vem a bonança, isso é verdade, entretanto algumas tempestades duram tempo suficiente para causar “enchentes” e estragos consideráveis. Assim, resiliência, adaptabilidade, flexibilidade, paciência e criatividade são características fundamentais para suportar momentos assim. Vemos na crise oportunidades e agilidade que outrora desconhecíamos, principalmente por parte daqueles que nos governam – sem “levantar a bola” sobre a real motivação -, situações incomuns nos tiram da zona de conforto e provocam mudanças rápidas e significativas, além de muito aprendizado.

É importante lembrar que tudo isso uma hora vai passar, mas e aí? O que vai acontecer? Na segunda-feira seguinte voltamos ao escritório? Assistiremos as notícias habituais de problemas rotineiros? Ao caos do trânsito? Ao registro de assinaturas e carimbos em folhas com marca d’água? Vamos ser como éramos antes da crise? Não! Ainda não sabemos exatamente o que vai acontecer e, portanto, é essencial que a reação ágil de colaboração e disseminação de conhecimento seja ainda maior, bem porque sabemos que há muitos “faraós contemporâneos”, incrédulos e negligentes.

Desta forma, ficar em casa e agir de acordo com as instruções dadas pelas autoridades médicas competentes, cuidar da saúde mental, se exercitar, buscar formas de trabalho remoto e seguir muitas outras dicas que os gurus de empreendedorismo, inovação e tecnologia podem oferecer, são atitudes positivas no combate à crise. 

Minha proposta é compartilhar conhecimento empírico sobre algo muito simples que preserva a vida, diminui o pânico entre os esquecidos e ampara os incrédulos. Me refiro ao armazenamento doméstico para tempos de crise. Talvez em sua mente você tenha imaginado carrinhos de compras cheios e muita fila nos mercados em meio ao pânico e caos. Ou ainda que para armazenar é necessário um conhecimento logístico específico e chancelado. Porém minha abordagem é sobre uma maneira melhor e mais simples, diferente do tipo de abastecimento tardio e até mesmo desesperado.

Manter um armazenamento doméstico, seja de suprimentos de alimentos e higiene (para três meses ou de longo prazo), abastecimento de água e uma reserva financeira, é uma atitude do viver previdente mesmo fora das crises, uma atitude simples que se antecipa às calamidades públicas, proporcionando paz e segurança. É possível que algumas famílias tenham dificuldade de manter o básico, entretanto o armazenamento doméstico não exige um investimento alto, tampouco é necessário contrair dívidas para compor uma reserva. Pode-se começar armazenando alimentos que façam parte da sua dieta normal, concentrando-se em gêneros alimentícios tais como: trigo, arroz, macarrão, aveia, feijão, batatas e demais produtos que possam durar 30 anos ou mais.

Existem inúmeras dicas sobre os tipos de alimentos, embalagens, técnicas de armazenamento, temperatura, estocagem e quantidade que podem ser encontrados em sites especializados sobre armazenamento doméstico. Estar um pouco mais preparado antes da crise diminui o pânico, bem como permite que outras pessoas tenham acesso a suprimentos, que podem se tornar escassos nestes momentos. Além disso, por meio do armazenamento é possível contribuir com o bem estar de outras pessoas.

Segundo a história, os filhos de Israel foram aconselhados a passar o sangue de um cordeiro nas portas e se recolherem em suas casas para que os seus primogênitos estivessem em segurança, já o Faraó, incrédulo, perdeu seu filho. Hoje, somos aconselhados a lavar as mãos e a ficar em casa para que a vida seja preservada. Com isso, ter suprimentos sejam eles quais forem para manter a nossa própria vida e a de nossas famílias é fundamental.

*Thiago Martins Diogo é Especialista em Gestão Estratégica da Inovação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Coordenador do Programa de Inovação no ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br). 

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